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Série “O Rei da TV” dramatiza vida, carreira e polêmicas de Silvio Santos

Todo mundo conhece alguém capaz de imitar Silvio Santos. O timbre de voz, os gestos e as expressões características do apresentador são praticamente onipresentes na memória dos brasileiros que, mesmo que por breves momentos, tenham assistido à TV aberta. Aos 91 anos, Senor Abravanel, apesar de suas falas e atitudes polêmicas, continua a ser um dos maiores ícones da televisão nacional e, finalmente, recebeu uma produção audiovisual dedicada a contar sua história.

A série “O Rei da TV,” que estreou nesta quarta-feira (19) no STAR+, propõe-se a retratar toda a trajetória de Silvio Santos, uma narrativa que por vezes se entrelaça com a própria história do Brasil.

Com uma direção habilidosa, um roteiro bem construído e interpretações excelentes, o início da série surpreende ao dramatizar de maneira coesa, sem cair em caricaturas, a vida e a carreira de Silvio Santos, já naturalmente cheias de agitação. Evitando qualquer semblante documental, “O Rei da TV” começa destacando um dos momentos mais marcantes da vida do apresentador em 1988, quando ele quase perdeu a voz, ficando afônico por alguns dias. A partir desse ponto, desenrola-se a jornada de como Silvio Santos se tornou quem é.

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De maneira literal, o primeiro episódio apresenta a evolução de Senor Abravanel pelas ruas do Rio de Janeiro, contada através da clássica “jornada do herói”. Na década de 1940, somos apresentados à família de Silvio, com uma mãe preocupada, um pai alcoólatra e um irmão confidente. Para ajudar a sustentar a casa, ele começa a trabalhar. Durante suas andanças pela cidade, encanta-se com um vendedor de rua que exibe uma caneta mágica. Ao olhar para Silvio, o homem prevê que o garoto precisará dela quando for presidente e tiver que assinar documentos.

Essa previsão faz uma clara alusão ao que aconteceria décadas depois: a candidatura de Silvio Santos à Presidência do Brasil. Contudo, paira a dúvida se a série explorará a faceta política da vida do apresentador ou permanecerá neutra, evitando potenciais polêmicas.

Ainda no primeiro episódio, testemunhamos a ascensão de Silvio, passando de ajudante de vendedor a estrela de sua própria vendinha no centro do Rio, destacando-se pela lábia e carisma incomparáveis. Finalmente, ele consegue dinheiro suficiente para sustentar a família, comprar sua geleia favorita e mudar-se para São Paulo após receber uma proposta para ser locutor na Rádio Nacional.

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No segundo episódio, o tom da série se transforma. Em “Canta, Peru!”, a narrativa se distancia do amadurecimento pessoal de Silvio Santos para mostrar seu desenvolvimento como homem de negócios. Sua habilidade de persuasão agora é direcionada a quem trabalha com ele e para ele. Em uma jogada para aumentar seus ganhos, Silvio adquire o “Baú da Felicidade,” um sistema de carnês que permite aos participantes concorrerem a prêmios e aparecerem nos programas do apresentador mediante pequenas mensalidades.

Nos primórdios, o programa era uma espécie de circo, onde Silvio Santos passava as noites apresentando atrações em troca de visibilidade e dinheiro. Na série, o bordão “vem pra cá você” aparece de forma tímida e espontânea. O desafio de equilibrar duas carreiras, como mestre de cerimônias e locutor da Rádio Nacional, eventualmente resulta no que hoje conhecemos como síndrome de burnout, culminando em uma cena em que Silvio desmaia de cansaço.

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Interligada à sua ascensão, a série aborda o pólipo na garganta de 1988 e a ascensão de outra figura midiática notável: Augusto Liberato. “O Gugu é no sábado, eu sou no domingo,” declara o apresentador ao sugerirem que ele nomeie Gugu como seu substituto enquanto cuida da voz. Aqui, vemos uma faceta orgulhosa e frágil de Silvio Santos, que sente que não pode competir com a jovialidade de Gugu Liberato. Se isso realmente aconteceu, permanece incerto, mas a série constrói de maneira eficaz a relação entre os dois apresentadores.

Com uma cena final à la “Succession,” o segundo episódio detalha os bastidores da TV nacional naquela época, revelando todos os conchavos prestes a explodir.

A série, portanto, tem como alvo diversos públicos. Para aqueles que testemunharam Silvio Santos fazendo seus aviõezinhos de dinheiro no programa, a série evoca personagens e momentos históricos, apelando para a nostalgia. E para aqueles que conhecem Silvio Santos apenas como um apresentador nonagenário que solta algumas “groselhas” ocasionalmente, a série oferece a resposta à pergunta: “Como ele chegou lá?”